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  • Foto do escritorMauro Salgado

Cinco semanas em um balão: lições para redatores e escritores

Atualizado: 30 de abr.

Certa noite, eu estava buscando por recomendações de livros em meu Kindle. De repente, me deparei com uma “delícia” de recomendação: o livro “Cinco semanas em um balão” — escrito por Júlio Verne.


Confesso que quando lia ou ouvia falar de Júlio Verne sempre vinha a mente sua obra mais famosa: “A volta ao mundo em 80 dias”. Quanta limitação minha! Bem, resolvi acessar o livro recomendado e fiquei maravilhado.


É impressionante a riqueza literária que Júlio Verne inseriu na história. Além de muitos detalhes que me fizeram entrar em um universo de aventura. Na verdade, me senti no balão ao lado do professor Samuel Ferguson, seu amigo Dick Kennedy e o fiel criado Joe.


Como redator, não pude deixar de me surpreender com o cuidado que Júlio Verne teve com a inserção das palavras. Houve capítulos que a leitura me fez “correr” com os personagens enquanto fugiam de um perigo.


Também percebi 2 lições importantes para nós profissionais da escrita. Mas antes de apresentá-las, farei uma breve resenha do livro. Assim, fica mais fácil de entender o contexto das lições.


E, quem sabe, consigo animar você a se aventurar nas páginas de Cinco semanas em um balão?


Resenha


“Cinco semanas em um balão” é uma obra pioneira do autor francês Júlio Verne, publicada em 1863. Este romance de aventura transporta os leitores para uma jornada épica através do continente africano, oferecendo uma mistura emocionante de exploração, ciência e imaginação.


A história segue a expedição do professor Samuel Ferguson, seu amigo Dick Kennedy e o fiel criado Joe, que decidem explorar a África viajando em um balão de ar quente. Com um propósito científico em mente, eles pretendem mapear regiões inexploradas do continente africano e descobrir novos conhecimentos geográficos.


Ao longo da viagem, os protagonistas encontram uma série de desafios, desde tempestades violentas até encontros com povos indígenas e animais selvagens. A narrativa é repleta de reviravoltas emocionantes, encontros inesperados e momentos de perigo iminente, mantendo os leitores ávidos por mais a cada página.


O estilo de escrita de Verne é marcado por uma meticulosa atenção aos detalhes científicos e geográficos, o que adiciona uma camada de autenticidade à história. Sua habilidade em descrever paisagens exóticas e situações extremas permite aos leitores visualizarem vividamente as aventuras da expedição enquanto se desenrolam.


Além disso, “Cinco semanas em um balão” oferece percepções sobre questões sociais e culturais da época, como o colonialismo europeu na África e as relações entre diferentes grupos étnicos.


Verne também aborda temas como coragem, amizade e determinação, tornando o livro não apenas uma emocionante história de aventura, mas também uma reflexão sobre os valores humanos fundamentais.


As lições que podem ser aplicadas por redatores e escritores


Primeira lição


Os obstáculos — respondeu Ferguson, seriamente — foram criados para serem vencidos. E, na vida, corremos perigos diariamente. Ninguém está livre deles”.


Essa resposta do Dr. Ferguson ao seu amigo Dick é uma realidade. Os obstáculos são inevitáveis em qualquer área da vida. Não é diferente na nossa profissão. Posso até citar alguns desafios comuns:


  • Manter a motivação na escrita;

  • Lidar com clientes exigentes;

  • Equilibrar o uso das inteligências artificiais com a humanização nos artigos.


Acredito que o desafio “3” é um dos maiores da era moderna. Não há como deixar de lado as ferramentas de IA. Elas nos ajudam muito na pesquisa, planejamento e na construção da base dos textos.


O grande desafio é permitir que façam apenas o trabalho de base. É muito fácil deixar que construam todo o artigo. O resultado já sabe: um texto sem “essência” — como uma comida de fast food.


Fast food? Sim, explico. No fast food ninguém cobra (e nem pode) uma “assinatura” dos que fizeram o lanche. Afinal, é um tipo de alimentação feita para comer de forma rápida e gerar uma explosão de sabores que provocam uma alta dose dopamina no cérebro.


Não é para apreciar com calma, harmonizada com outros pratos e bebidas — detalhes típicos de um prato da alta gastronomia. Deu fome? Então, voltemos para a lição: os textos não podem ser feitos somente com IA.


Sei que muitos exigem esse tipo de escrita. Falam que ninguém lê de verdade, apenas “escaneia” com os olhos a matéria. Concordo que existe esse tipo de leitor e que existe também um mercado preparado para eles — assim como as lanchonetes de fast food para os que querem lanches rápidos.


Porém, o redator ou escritor pode escolher se deseja fazer parte desse mercado ou integrar a “alta gastronomia” do universo da escrita. E existe esse nível de mercado? Sim! Mas essa é conversa para outro artigo.


Segunda lição


E o que não é possível fazer de um jeito, faz-se de outro! Onde não se pode passar pelo meio, passa-se por cima!”


Mais palavras sábias do Dr. Ferguson. Como aplicá-las? Quando li essas frases, pensei em uma situação que aconteceu comigo. Aconteceu apenas uma vez, mas me ensinou muito. Em um determinado projeto de produção de conteúdo, me deparei com um cliente bem exigente.


Não considero isso ruim. Na verdade, os clientes mais exigentes foram os que contribuíram grandemente para o meu desenvolvimento na escrita. O grande problema é que eu não conseguia alinhar a minha escrita com as preferências do cliente.


Foram muitos e muitos ajustes solicitados. Uma infinidade de mensagens com toques de impaciência e rudeza. Após emendar, reformular, refazer e desfazer o artigo original, cheguei a uma conclusão: eu não era o redator certo para aquele projeto.


Os pedidos de ajustes indicavam que aquele trabalho não era para mim, não era meu estilo de escrita; não era… Tenho que admitir que surgiu em mim uma sensação de fracasso. No entanto, precisei colocar esse sentimento “no bolso” e pedir para colocarem outro redator para seguir com o projeto.


E o que não é possível fazer de um jeito, faz-se de outro!” Fazer de outro jeito (passar a bola para outro redator) foi a melhor opção: o cliente ficou feliz, a agência detentora do projeto também e eu em paz — certo de que foi algo bom.


É claro que essas palavras do Dr. Ferguson dão “muito pano para manga” quando se trata de lições. Tenho certeza de que você pensou em outras. Ficarei feliz de lê-las nos comentários.


Continuo lendo e me encantando com o livro “Cinco semanas em um balão”. Outros conteúdos relacionados a essa obra estou compartilhando no meu Instagram: @maurosalgadoredator. Corre lá!




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